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Servidores: Fraudes no Conjunto Hospitalar de Sorocaba era de conhecimento da Prefeitura de Sorocaba.

Posted by alexproenca em junho 18, 2011

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

Grupo de servidores leva denúncia ao MP

Servidores do Conjunto Hospitalar protocolaram documento no Ministério Público em setembro do ano passado
Notícia publicada na edição de 18/06/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 11 do caderno A – o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Regina Helena Santos
regina.santos@jcruzeiro.com.br

As denúncias de irregularidades no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), que culminaram em investigação policial e na prisão temporária de 12 pessoas, dentre elas o diretor-geral afastado do complexo, Heitor Fernando Xediek Consani, partiram de um grupo de 20 servidores que atuam na unidade de saúde. Relatos e documentos que indicam fraudes em licitações para a compra de material e contratação de serviços terceirizados, além da prática de pagamento por plantões a profissionais que nunca compareceram para trabalhar no hospital, foram protocolados no dia 21 de setembro de 2010, no Fórum Cível de Sorocaba, aos cuidados do promotor Orlando Bastos Filho. A ação, segundo confirmação dos funcionários denunciantes e da própria promotoria, foi o início do processo de investigação por parte da Justiça e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Procurado pela reportagem, Bastos informou, por meio de sua secretária, que não pode se pronunciar sobre o caso, que agora segue nas mãos da polícia. Porém, o promotor reiterou que, independente da investigação policial, ainda se mantém em andamento, no Ministério Público, um procedimento de investigação sobre as fraudes no CHS.

Dentre os documentos apresentados à Justiça – e entregues à polícia – os funcionários reuniram vários exemplares do informativo interno “Agita Saúde”, elaborado pelos próprios servidores, com uma série de denúncias, principalmente sobre o pagamento de plantões médicos a pessoas que nunca apareceram para trabalhar no hospital. Embora autoridades municipais tenham manifestado surpresa anteontem com a operação deflagrada, funcionários do CHS disseram ontem que já haviam enviado as denúncias para vários órgãos públicos. “Esse material, um verdadeiro mapeamento das ações que aconteciam no CHS, também era enviado ao prefeito, aos vereadores, aos deputados. Eles e o hospital inteiro sabiam do que acontecia lá”, disse uma servidora, que faz parte do grupo de 20 pessoas que assinaram o documento, entregue em 2010 ao MP, e que na manhã de ontem compareceu à sede do Grupo Antissequestro (GAS) – onde acontecem os depoimentos dos detidos pela Operação Hipócrates – para também depor como testemunha de acusação, de forma voluntária.

Cerca de oito servidores contaram à polícia o que sabiam. Estes, entretanto, não estão sendo intimados, mas convidados a colaborar com a investigação. “Muita gente detém informações, papéis, assinaturas, processos, mas as pessoas têm muito medo. Eu também tenho. Estou sendo jogada de uma função para outra desde 2004. Como a polícia disse, é uma quadrilha. E uma quadrilha é capaz de absolutamente tudo”, disse uma funcionária. “Tudo foi fechado de uma maneira que ninguém conseguia mexer no assunto. E quem mexesse, era punido”, denunciou uma médica.

Dentre os fatos relatados pelos funcionários, a maioria destaca que as irregularidades já vinham sendo trazidas à tona há muito tempo. “Íamos às reuniões do Conselho Municipal de Saúde para denunciar estas questões. E eles faziam de conta que não sabiam de nada. E antes do prefeito nomear o novo diretor, a gente, que tinha esse material, pediu: não queremos indicar ninguém, mas queremos que seja uma pessoa que não tenha recebido plantões extras, que não tenha participado de esquemas. Não adiantou.” Segundo os servidores que assinaram a denúncia formal ao MP, o descontentamento com a situação começou ainda em 2004. “Fomos, inclusive, chamados a responder, junto à Secretaria de Estado da Saúde, sobre a elaboração destes jornais.”

Um dos documentos de posse dos funcionários, entregue à polícia, foi uma lista com os nomes de 22 médicos, todos da cidade de São Paulo, que aponta onze que nunca teriam sido vistos no CHS, apesar de constarem como plantonistas. Três dos que aparecem com maior carga horária, com até 12 plantões ao mês, estão entre os detidos: Tarley Eloy Pessoa de Barros, Vera Regina Boendia Machado Salim e Kléber Castilho, este preso e liberado depois de depor, ainda na quinta-feira.

“Todo mundo sabia do que acontecia ali. O que motivaria uma pessoa a vir de São Paulo para dar plantão ou para assumir um cargo de diretoria aqui? O salário de um diretor é por volta de R$ 5 mil. Não se pode usar a verba que tem um destino específico, de atendimento ao usuário, de assistência à saúde, para engordar salários de diretores, chefes de setores.” De acordo com os funcionários, os servidores – principalmente aqueles de nível médio, cujo salário não passa de R$ 900 ao mês – se revoltavam com o que viam todos os dias. “É perverso assistir a essa situação. Uma das obrigações do funcionário público é denunciar ações que ele observa que não estão corretas. Uma hora temos que dar um basta.”

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