A produção negociada
Posted by alexproenca em julho 15, 2007
3 — A produção negociada
O desenvolvimento da agricultura e da criação de gado não faz só aumentar a produtividade do trabalho, a dá origem á troca regular dos produtos. Trocas isoladas podem ter tido lugar nas épocas mais recuadas, mas é agora que este sistema mais ou menos se generaliza. No facto de as tribos pastoris se distinguirem massa dos bárbaros, vê Engels a primeira grande divisão social do trabalho, diferente da divisão segundo a idade e o sexo, que existia no apogeu do regime dos clãs. As tribos pastoris — diz Engels —, produziam não apenas mais, mas produziam também outros alimentos que não produziam os bárbaros.
Os colhedores de produtos agrícolas e os pescadores procediam a trocas de produtos cada vez mais frequentemente com as tribos pastoris vizinhas. A primeira grande divisão social do trabalho activou estas trocas. Mas essas trocas são ainda mais estimuladas pela segunda grande divisão social do trabalho, que separa o artesanato da agricultura.
A invenção do bronze e a descoberta do tratamento dos minérios de ferro complicam sensivelmente o fabrico dos instrumentos. O minério de cobre era extraído das minas, lançado sobre o ladrilho em baldes de couro e moido ao martelo de pedra; depois era lançado com carvão de madeira em fornos escavados na terra, onde o ar dos foles penetrava através de alcavarizes de argila.
Para obter o ferro a partir do minério, utilizava-se uma lareira baixa do pedra e de argila; o ladrilho assim obtido devia submeter-se a uma forjadura suplementar que tornava o metal resistente; para essa finalidade, levava-se ao rubro e martelava-se, deitando para cima o carvão de madeira em fornos escavados na terra, onde o ar dos foles penetrava atáves de alcavarizes de argila.
Para obter o ferro a partir do minério, utilizava-se uma lareira baixa de pedra e argila; o ladrilho assim obtido devia submeter-se a uma forjadura suplementar que tornava o metal resistente; para essa finalidade, levava-se ao rubro e martelava-se, deitando para cima o carvão de madeira. O ferreiro utilizava toda a espécie de instrumentos: bigorna, martelo, pinça, cinzel, lima, etc.
A complexidade dos processos metalúrgicos exigia que fundidores e ferreiros fossem especialistas. O desenvolvimento da metalurgia torna mais complicada toda a técnica artesanal, o que conduz à diferenciação de ofícios.
Na índia, na Pérsia, na Mesopotâmia, no Egipto, aparecem desde o terceiro milénio oleiros profissionais que, em vez de modelarem os seus vasos à mão, formam-nos sobre um disco rolante chamado «roda do oleiro». Nos Balcãs, o uso dessa roda data do segundo milénio Os mais antigos recipientes feitos nessa roda descobertos do território da U. R. S. S (Turqueméuia) remontam à mesma epoca. Os oleiros serviam-se também de um forno especial para o cozimento.
Aos oleiros, fundidores e ferreiros vêm juntar-se os carpinteiros, os tecelões, os joalheiros, os talhadores de pedras, etc. Assim, diversos ramos se destacavam na economia doméstica para passarem a mãos dc especialistas: o artesanato separa-se da agricultura. Anteriormente, a maior parte das trocas não se efectuava entre pessoas isoladas, com seus riscos e perigos, mas entre clãs representados pelos chefes ou anciãos.
A troca primitiva tinha lugar entre diferentes comunidades, pois no seio de cada uma delas toda a gente produzia a mesma coisa, o que tornava o trabalho praticamente impossível. Trocavam-se sobretudo adereços, assim como objectos de cobre e barras. Logo que se desenvolveu a troca entre tribos, alguns, graças à sua situação geográfica, desempenharam o papel de intermediários.
A segunda grande divisão social do trabalho modifica o carácter da troca e conduz à produção mercantil, quer dizer, ao fabrico de produtos especialmente destinados àtroca. Os artesãos profissionais (ferreiros, oleiros, tecelões, etc.) não podiam existir senão trocando por outros produtos os produtos do seu trabalho. À medida que a troca se regulariza, vê-se elaborar as noções de valor e de preço. No princípio, a troca era arbitrária: hoje dão-se por uni porco dois vasos, e amanhã seis.
A troca equivalente instaura-se pouco a pouco e o desenvolvimento dos ofícios contribui para isso em grande medida. Ë que no artesanato (muito mais independente do acaso do que a caça e a colheita, do que a agricultura e a criação de gado primitivas, onde a sorte e o tempo desempenham um grande papel) o homem aprende a conhecer a relação entre a quantidade de trabalho dispensado e a quantidade de mercadoria produzida.
O artesão é o primeiro a medir o valor do produto pela quantidade de trabalho dispensado para o produzir. A produção mercantil concorre para a acumulação das riquezas, o que engendra a necessidade de mercadorias susceptiveis de se conservarem relativamente bem para serem armazenadas, O grão, os frutos, o peixe e os outros géneros alimentícios são muito mais perecíveis, enquanto que a caça, os mariscos raros e os metais preciosos adequam-se perfeitamente a esse papel.
Marx refere que a circulação das mercadorias, desde o seu estado embrionário .. faz nascer a tendéncia para reter, não o produto em si mesmo, mas a sua forma convertida, a sua “crisálida-de-ouro”.
Em vez de juntar as reservas na sua forma natural, as pessoas procuram trocá-las contra mariscos ou metais preciosos, que podem, em caso dc necessidade, ser trocadas por viveres, vestuário, utensílios, etc. Dizendo de outro modo, o excedente da produção tende a transformar-se em tesouros, em dinheiro.
Os tesouros reunidos são o testemunho real do poderio da família patriarcal. À medida que se desenvolve a troca e se precisa a noção de valor, é o dinheiro que fica constituindo a medida do valor e o meio de circulação.
A troca cede o lugar à permuta pecuniária; nos primeiros tempos utiliza-se, à guisa de dinheiro, o gado, depois os moluscos, os metais preciosos, etc.
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